Uma linha completamente nova e a começar no aeroporto Sá Carneiro são as propostas de um estudo luso-galaico sobre a ligação ferroviária de Alta Velocidade Porto-Vigo, hoje apresentado na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR Norte).
A futura construção da ligação de Alta Velocidade entre o Porto e Vigo permitirá gerar 615 milhões de euros em benefícios sociais agregados. Na fase de construção, a obra permitirá um incremento de cinco mil milhões de euros na economia nacional e criará 20 mil empregos directos e indirectos.
As conclusões constam do estudo “Efeitos Económicos da Melhoria da Ligação Ferroviária Porto-Vigo na Euroregião Norte de Portugal-Galiza”, hoje apresentado no Porto. O trabalho foi encomendado pela CCDR Norte e pela Junta da Galiza e realizado, do lado português, pela Escola de Economia da Universidade do Minho e pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
A linha tem um custo estimado de 1,5 mil milhões de euros, sendo 845 milhões relativos ao troço Valença-Braga e os restantes 635 milhões de euros à ligação Braga-Aeroporto Sá Carneiro.
O estudo assume que a linha de AV Lisboa-Porto terminará no aeroporto do Porto, algo que não consta das opções do Governo, que já anunciou a escolha de Porto-Campanhã. "Existe um forte crescimento do número de passageiros galegos que utilizam este aeroporto, que foram 400 mil no ano passado", salientou Cadima Ribeiro, um dos autores do trabalho, para justificar a opção.
O estudo prevê ainda estações em Valença e Braga e um interface de mercadorias que permitirá a ligação à rede ferroviária convencional no eixo Beaga-Nine.
Quanto à construção da infraestrutura, a “solução ideal” defendida pelos autores é a construção de uma linha inteiramente nova, mas admite-se uma “solução parcial”, como a decidida pelo Governo, que é a de construir de raiz a ligação Braga-fronteira e adaptar a linha existente entre Porto e Braga.
O presidente da CCDR Norte concedeu que a solução do Executivo é “mais suave do ponto de vista do financiamento”, mas “não será a solução mais equilibrada” em termos de exploração. Pelo que se comprometeu a defender junto de Mário Lino a construção integral da via. Ainda que, lembrou, "o que é preciso é que a linha arranque", alertando que "se continuarmos a reflectir corremos o risco de ver o projecto sucessivamente adiado".
Mais atrasos é que terão de ser evitados a todo o custo. Até porque "seria muito desagradável, para não dizer pior, que o comboio de Alta Velocidade (espanhol) chegasse à fronteira em 2013 e nós não estivéssemos em condições de o acolher do lado português", disse Carlos Lage. Que no entanto garantiu não estar preocupado a esse respeito, porque “o primeiro-ministro assumiu a ligação Porto-Vigo como um projecto prioritário”.
"A definição do traçado Braga-Valença está feita, é preciso fazer o estudo de impacte ambiental e lançar o concurso para que a obra possa ser adjudicada em finais de 2009", defendeu ainda o presidente da CCDR Norte.
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6 comentários:
Eu sinceramente julgo que deve ser construida uma ligação entre o ASC e Campanhã (ou aproveitar uma já existente, como é a Linha de leixões, para esse efeito) porque não me parece inteligente construir uma linha apenas para os galegos chegarem ao aeroporto. Esse é um objectivo importante mas não é o único. É também preciso ligar, além do coração das cidades de Corunã, Santiago, Vigo, Braga e Porto, toda a região a sul do Porto que vai até Coimbra ao ASC. Às vezes estas pessoas com responsabilidades espantam-me.
"Na fase de construção, a obra permitirá um incremento de cinco mil milhões de euros na economia nacional e criará 20 mil empregos directos e indirectos."
Não posso deixar de fazer este pequeno reparo. Pequeno mas muito importante. Os nossos economistas (e os nossos governantes) insistem em não saber o que é "CUSTO DE OPORTUNIDADE". Não é certo que haja emprego criado na construção de uma infraestrutura. O investimento é financiado com impostos. Impostos significam redução do investimento e consumo privado, logo menos emprego. Ou significa emissão de dívida, que é equivalente a impostos futuros.
Daí que avaliar quantos empregos se cria, sem avaliar quantos empregos se destroi, é uma estupidez total.
Mas não é exclusiva deste estudo. Foi usado na OTA, no TGV, nas autoestradas, na Expo, nas pontes sobre o Tejo, no Metro do Porto.
Este erro é sistemático em tudo que envolva gastar milhões em obras públicas.
Este meu apontamento não afecta a bondade do investimento. Simplesmente significa que "emprego criado na construção" não é critério adequado para avaliar essa bondade.
Ainda há gente que acredita (e defende) que gastar dinheiro a "esburacar estradas e a tapar os buracos" cria emprego. É falso. A única coisa que cria é trabalho precário e mal remunerado, ao desviar pessoas de ocupações mais produtivas.
O facto relevante é este: "A futura construção da ligação de Alta Velocidade entre o Porto e Vigo permitirá gerar 615 milhões de euros em benefícios sociais agregados"
Sendo o investimento de 1.500 milhões de euros, significa uma taxa de rentabilidade de 40% para o país (para os financeiros: estou a supor que já foi aplicada uma taxa de desconto para actualização dos cash flows futuros).
Então e o que tem a dizer sobre a promessa de Mario Lino sobre uma estação em Ponte de Lima? =)
tenho lido mais alguns textos sobre este assunto e ainda não percebi bem o que se advoga. vou tentar encontrar um mais preciso para me esclarecer.
Reparem onde é que vair ser feito o investimento abixo referido:
http://diarioeconomico.com/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/empresas/pt/desarrollo/1135718.html
É precisamente na zona importadora e não na zona onde estão concentradas as empresas exportadoras...
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