20090728

Quem dá boleia a uma prostituta não se pode queixar das possíveis interpretações

20080317: «O projecto do Bolhão tem características desnecessárias para um projecto de reabilitação. É um projecto comercial e não cultural, para dar lucro. Não me choca. O que choca é a necessidade de ocultar tudo isto. Será este «Concessionismo» uma opção ideológica, que também não me choca ? Se o fosse deveria ter apresentado no seu programa eleitoral. Como não o fez, o motivo será outro. Depois de ser dispensado da CMPorto, Paulo Morais descobriu que na actividade camarária se financia os partidos. Deve ter chegado a esta conclusão após experiência como vareador. Se Rio suspeita que com quotas de 6 euros se «lava» dinheiro então eu também tenho o direito a suspeitar que o súbito «Concessionismo» pode servir para o financiamento partidário...»

As questões levantadas sobre o «Concessionismo» pelo deputado José Machado de Castro pela SSRU, de forma mais ou menos secreta ou moralista, tem que ser enquadrada na má imagem que os políticos tem em Portugal: É a classe profissional menos credível, provavelmente por haver a noção que se deixam comprar por privados, fornecedores de serviços à administração pública. Rio e a actual coligação não é excepção.

Como TAF questiona, quem votou para que Rui Rio fosse mandatado para concessionar/«PPPzar» o património camarário ? Apesar de eu não concordar com as PPP e afins, tal como o muito liberal portuense LR o diz, a questão que se coloca não é ideológica nem de eficácia. É de seriedade.

A nível nacional, lá por Lisboa, abundam PPPs que eram hiper-urgentes e hiper-necessários e afinal deixavam muitas dúvidas sobre a utilidade, interesse e pertinência. No Porto é o mesmo. Por exemplo, há alternativas mais baratas de expansão do Metro, que aliás, aposto acabarão por ser implementadas for força da crise...

Por causa da má fama de muitas PPPs, melhor seria mesmo suspende-las por uns tempos. Como isso não acontece e eleitor/contribuinte atento e escaldado de água fria tem medo, cria-se uma natural aversão a estes negócios. Assim, quem os faz com estes políticos «poluídos» não se pode queixar, mesmo que esteja coberto de honestidade e legalidade, como acredito que seja o caso dos intervenientes Rocha Antunes e Paulo Ponte. Tal como, quem dá boleia a uma prostituta não se pode queixar das possíveis interpretações.

PS: A derrota de Rui Rio, a ocorrer, passará por aqui. Mostrar à larga reserva eleitoral de indios no concelho do Porto, leia-se bairros sociais orientais, alimentados a RSI, Láferias, Rádio Festival e corridas de calhambeques, que o seu susposto protector, Rio, os manipula; Só gastou com eles as migalhas suficientes para dar votos (alem do mais, segundo Elisa Ferreira, com dinheiro do Estado Central) e investiu as receitas na rica reserva ocidental/indemnizações para alem da sua carreira em Lisboa. Façam o apuramento dos investimentos camarários per capita por freguesia e verão... Perceberá a candidata do PS alguma coisa de Porto ou terá capacidade para isto ? Duvído. Os indios atingem ? Duvído ainda mais ... O povo se fosse inteligente não era povo, mas sim elite.

2 comentários:

Alexandre disse...

"Os indios atingem ? Duvído ainda mais ... O povo se fosse inteligente não era povo, mas sim elite."


Meu caro, um texto interessante mas que se descredibiliza com a frase acima citada.

Continua a confundir informação, acesso à educação e a reais oportunidades de progressão social com inteligência.

O problema de Portugal em geral não tem a ver com o suposto "povo", mas da intragável elite portuguesa que ao longo dos séculos, à boa maneira das nobrezas napolitana e siciliana, mantiveram um sistema de manutenção de privilégios para os seus e de restrição de oportunidades à parcela mais significativa da população, mantendo-a desinformada e marginalizada do processos de decisão.
É este perpetuar de desigualdades a nível educacional e oportunidades (afinal o que é a instituição"cunha"?)que mina o país em todas as suas dimensões.
A suposta elite Portuguesa, ou por outras palavras, um conjunto de individuos de nacionalidade portuguesa que num determinado ciclo temporal se encontram no escalão mais elevado da Sociedade, tem olhado para o "POVO" de duas formas, ambas erradas:

- Ou com um desprezo injustificado, sem nunca se questionarem quais as causas do seu enquadramento social;ex.Pacheco Pereira, família Horta e Costa etc.

- Ou ainda com um paternalismo e aparentes acções de solidariedade que acabam por se revelar sempre como demagógicas e perpetuadoras dos ciclos de pobreza;ex.Manuel Alegre, Louçã, Miguel Portas, entre outros.

Será que nunca se questionaram que na ressaca do 25 de Abril, quando o esquema social e estatal ainda estavam desarticulados, tenha havido uma explosão de actividade económica e de ascensão social por parte de indivíduos com pouca formação escolar, que com erros é certo, mudaram a face e o perfil económico de algumas regiões(Vale do Ave, Cávado e Sousa)?

Para não me alongar mais, basta ler a caracterização da elite portuguesa ao longo dos séculos por parte de visitantes estrangeiros, para ver onde estará o problema.

Cumprimentos

Alexandre Ferreira

Jose Silva disse...

Alexandre,

O ditado é mesmo «O povo se fosse inteligente não era povo». Eu é que acrescentei «elite» para reforçar que os mais inteligentes é que acabam por fazer as escolhas pessoais, profissionais, mais proveitosas e acabam por ter melhor nível de vida. Isto nada tem a ver com dicotomias povo/elite ou a psuedo-elite nacional que se encosta ao Estado local ou central para traficar niveis de vida que sem ele não consegueria ter. Escrevi esta frase lendo apenas os seus 3 primeiros parágrafos.

Pois. Acertei. Concordo com a sua analise. O conceito de elite em Portugal está completamente corrompido. A elite sou e você e outros que andamos para aqui a pensar no futuro por mero desporto.

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