20080722

Modelo de Desenvolvimento Espanhol

Uma das principais características do modelo de desenvolvimento espanhol é a sua promoção de "campeões nacionais" e de proteccionismo externo.

Este modelo surgiu da necessidade de limitar os choques bruscos que a economia espanhola sofreu após a adesão à UE e, nesse sentido, terá tido alguma eficácia. A estratégia espanhola passou por manter algum proteccionismo externo, enquanto se procurou estimular a concorrência entre os actores internos. Essa conciliação de proteccionismo externo com concorrência interna é possível num mercado alargado como o Espanhol.

Mas tal não é possível numa economia pequena como a Portuguesa em que, para haver concorrência, esta tem de vir necessariamente do exterior. Em Portugal, proteccionismo significa inevitavelmente a constituição de monopólios, retirando assim todo o incentivo a que existam ganhos de eficiência.

Significa isto que o modelo espanhol não é passível de imitação por nós. Em Portugal, este modelo terá sempre piores resultados que em Espanha. Esta é a principal razão da nossa divergência face a Espanha.

Além disso, o modelo espanhol justificava-se numa fase de ajustamento estrutural da economia (alargamento do mercado concorrencial relevante), não fazendo qualquer sentido 22 anos após a adesão à UE. Nem em Espanha. Prevejo que os próximos anos serão reveladores de que "nuestros hermanos" seguiram o modelo proteccionista durante demasiado tempo.

2 comentários:

CCz disse...

O artigo "Luces y sombras de la competitividad exterior de España" assinado por Claudia Canals e Enric Fernández ilustra uma Espanha que afinal não está tão bem quanto foi pintada nos últimos anos.
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Neste artigo espanhol encontramos o gráfico 4.2, que mostra que as exportações portuguesas de bens de alta tecnologia já ultrapassam 6% do total das exportações (mais do que em Espanha).
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http://www.pdf.lacaixa.comunicacions.com/de/esp/de10_esp.pdf
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O artigo que se segue continua a reforçar a ideia do descalabro das exportações espanholas, foram demasiados anos a apostar no consumo interno como o motor da expansão económica.
http://www.rgemonitor.com/euro-monitor/252825/has_spain_contracted_the_artemio_cruz_syndrome

CCz disse...

Ainda há menos de um mês publicavam-se os números e verificava-se que o país da Europa onde os salários mais subiram no último ano foi Espanha. Os dois países onde menos subiram foram Portugal e Alemanha.
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E no meio do descalabro actual as nossas exportações estão a crescer a 7%.

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