Como é do conhecimento geral, a maioria dos advogados estagiários trabalha de borla, durante os 30 meses que compõe o estágio (a duração aumenta todos os anos...), fazendo muitas vezes jornadas de trabalho superiores às 8 horas diárias (para além de ter de estudar para os exames da Ordem).
Note-se que o Governo, no Código de Trabalho, proibiu os estágios gratuitos...excepto no acesso à advocacia. Será porque a maioria dos deputados é advogado? É óbvio que não há incompatibilidade entre as duas funções...
Pelos vistos não há trabalho para 30.000 advogados. Mas curiosamente há trabalho para uns milhares de estagiários a trabalhar de borla, a substituir os advogados que faltam às audiências e a garantir o apoio judiciário. Quem diria?
- Sr. Marinho Pinto: quer acabar com o excesso de advogados e de estagiários? Tem aqui duas sugestões:
Obrigue os patronos a pagar pelo menos o salário mínimo. Vai ver que 80% dos patronos vai deixar de querer ter estagiários. Logo, vai haver licenciados que deixarão de encontrar patrono, e que desistirão de fazer estágio. Os que quiserem mesmo ser advogados tentarão até encontrar um patrono. Os outros desistirão. E as sociedades deixarão de fazer dumping aos jovens advogados através da utilização de mão de obra gratuita. Logo, haverá mais trabalho para os advogados.
Reduza o estágio para um ano. Potencia o efeito da medida anterior, ao reduzir ainda mais a disponibilidade de mão-de-obra barata. Além disso, após 3 anos de estágio (incluindo o tempo de exames), o investimento que os advogados fizeram na sua formação é demsaido grande para que estes estejam receptivos a procurar outras ocupações.
E voilá. Se implementar isto, defenderá os advogados e os estagiários, e respeitará a CRP. Se não o fizer, será apenas mais um Bastonário que tudo fez para beneficiar as sociedades e os interesses estabelecidos.
P.S. Não há excesso de advogados, há excesso de corporativismo. Se deixarem de proteger os maus advogados, estes terão de encontrar outra profissão.
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