20081221

Banca I

A Caixa Geral de Depósitos recentemente tentou contrair um empréstimo de 2 mil milhões de euros no mercado internacional. Não conseguiu. "Apenas" conseguiu um empréstimo 1,25 mil milhões de euros em que, mesmo com o aval do Estado, teve de pagar Euribor + 1,9% (spread). Se estas são as condições de mercado para o Banco do Estado, não serão melhores as condições para os restantes bancos portugueses.

Nos últimos dias não têm faltado críticas aos Bancos. As duas principais são que não emprestam aos clientes, e que não reflectem nos preços praticados os "benefícios" que "receberam" do Estado. Gostava que os iluminados que têm feito as críticas explicassem:
- Como é que um Banco pode emprestar mais dinheiro do que por sua vez é emprestado ao Banco?
- Em que é que emprestar a taxas inferiores às que se financia não é um benefício para os seus clientes?

3 comentários:

Jose Silva disse...

Pedro,

A banca nacional e dos EUA, está neste momento em ressaca. Vai/está investir as disponibilidades em títulos do tesouro por serem menos arriscadas. Efectivamente tem medo de dar crédito a empresas e particulares. Obviamente que haverá explicações de todas as partes apenas para inglês ver.

O problema é de excesso de dívida de todos os agentes económicos do mundo ocidental. Ainda para mais dívida baseada no iene carry trade, sem poupança, como dizem aos austriacos. Quem tem alguma margem para mais dívida são mesmo alguns Estados.

PMS disse...

"Vai/está investir as disponibilidades em títulos do tesouro por serem menos arriscadas."

No caso da banca nacional não está. Os bancos não têm excedentes para investir. Pelo que todos os recursos que conseguem captar são alocados ao refinanciamento da dívida (os Bancos endividam-se a prazos menores do que aqueles a que concedem crédito).

É certo que os Bancos concedem menos crédito. Por duas razões, embora apenas uma delas seja relevante. Porque é mais arriscado conceder crédito. E porque não têm dinheiro para emprestar.

PMS disse...

Mas a sua conclusão é acertada. O problema actual é o excesso de crédito.

Mas o grande problema é que um cenário deflacionário resulta no disparar dos níveis de incumprimento, o que poderia levar ao colapso do sistema financeiro.

Mas se não tivermos cuidado no médio prazo, resolver uma crise de crédito com emissão massiva de crédito pode ser tão eficaz como usar gasolina para apagar uma fogueira.

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