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20071025

Fusão de autarquias na Dinamarca: Uma alternativa à Regionalização em Portugal ?

Acho que sim. Na Dinamarca, entre 2002 e 2007, estudou-se e implmentou-se uma fusão de autarquias locais e uma transformação de 14 condados em 5 regiões. Paralelamente houve uma alteração de competências entre estado central, regional e local, descentralizando-se. As novas regiões ficaram com competências na área da saúde, desenvolvimento regional, transportes e ambiente. Apenas os municipios e o estado central tem capacidade de cobrar impostos, sendo as regiões mantidas por estes.

«Denmark has recently been through a process where the number of municipalities has been reduced, and the division of labour between the state, regions and municipalities has changed.

At the annual opening of the Danish Parliament in October 2002, the Government announced that it would appoint an commission of experts (Public Sector Task Commission) to investigate whether the public sector structure met the requirements of a modern society. 

The commission accomplished its work throughout 2003 and released its recommendations in January 2004. Its report proposed six different administrative models, and most of them pointed towards larger municipalities. The model that was adopted has resulted in municipalities with at least 20,000 (preferably 30,000) citizens. Municipalities with less than 20,000 citizens were only accepted where a legally binding co-operation with a larger municipality was in place.

In the second half of 2004, all Danish municipalities were requested by the Government to decide which neighbouring municipalities they wanted to merge with. The deadline for this decision was 1 January 2005. Thus, a decentralised process took place where municipalities were negotiating with their neighbours on the formation of new and larger municipalities.

The decentralised creation of the new municipalities was smoother and gave rise to less conflicts than expected. In only two instances, the formation of new municipalities was decided by the state. Many of the new municipalities are also larger than was expected at the beginning of the process.

32 of the "old" municipalities did not merge with other municipalities; they all had more than 20,000 inhabitants, and most of them are located in the Copenhagen area. Out the 98 new municipalities, seven have less than 20,000 inhabitants. They are mostly smaller islands and have made co-operation agreements with neighbouring municipalities.

The Danish Government and Parliament also decided a change from 14 counties to five regions. As of 1 January 2007, the regions will be responsible for the hospitals, including health care services. Furthermore, the regions will have a few other tasks in the field of regional development, environment and public transport. The regions will not have the right to impose taxes, and the activities of the regions are to be paid by subsidies from the municipalities and the state.

Each of the five regions is led by a Regional Council with 41 members, elected by the people every four years.»

Em Portugal e a Norte, podemos inspiramo-nos neste caso, construindo uma solução que desarme os centralistas (como os lisboetas do debate de  ontem no PortoCanal) e que acalme os mais, fundamentadamente ou não, «portofóbicos». Por exemplo, fundir as autarquias locais dentro de cada NUTS3, transformando-se em cerca de 30 autarquias regionais a nível nacional, com as competências dos actuais concelhos e novas competências dos ministérios relacionados com o desenvolvimento económico e social (educação, trabalho, transportes, saúde, ambiênte, economia) da actual administração central. Os Norteadores menos crentes na intervenção dos Estados, (Ventanias, CCZ, Júlio Cunha), os liberais portuenses com súbita consciência regional, a ala sulista, centralista anti-LFM do PSD, e todos os restantes centralistas ficariam desarmados com esta verdadeira Regionalização por agregação das actuais autarquias locais, descentralização e 0 gastos adicionais. Penso que cabe ao Norteamos explorar estes caminhos e assim continuar a nortear a heterogeneidade de opiniões existentes na nossa imensa região.

20070714

Desmontagem do Mito do país pequeno

Portugal é o 10.º país da UE 27 em termos populacionais. Tem mais população que países como a Suécia, Finlândia, Dinamarca, Austria, Noruega, Suiça, Rep Checa, Irlanda, etc.

Portugal é também o 13.º país da UE 27 em termos de área territorial, sendo por isso maior que países como a Holanda, a Bélgica, Dinamarca, Austria, etc.

Nestes dois indicadores, Portugal está acima da média europeia. Todavia quando analisamos as coisas em termos de gestão política, admistrativa e macroeconómica do território, aqui sim, somos realmente um país pequenino, atrasado e sobretudo com um baixíssimo nível de cultura cívica e política.

Como resultado de tudo isto, apresentamos -nos à Europa, "orgulhosamente", como sendo:

- Dos poucos países da UE 27 onde ainda não existe um nível intermédio de governação territorial - Regiões Administrativas

- Dos países da UE 27 onde o centralismo politico-administrativo é mais evidente e se faz sentir com maior intensidade.

- E muito especialmente, como o único país da UE 27, onde as previsões do Eurostat para os anos de 2007 e 2008, relativas ao Rendimento Nacional Bruto (GDP) per capita, continuam a apresentar valores cada vez mais divergentes face à media europeia (UE). Assim, após o Referendo da Regionalização observamos esta queda quase a pique:

(1999) 80.3 ....(2000) 80.3 ... (2001) 79.8 ... (2002) 79.5 ...
(2003) 73.5 ... (2004) 72.1 ... (2005) 71.6 ...
(2006) 71.9 ...(2007*) 69.6 ... (2008*) 69.0 ......

por este andar, onde (e quando) é que isto vai parar?






Depois disto, cada vez tenho mais dificuldades em entender os defensores do actual status quo político-administrativo e com especial enfoque em determinadas elites políticas e económicas regionais. É que realmente, só não vê quem não quer...

António Almeida Felizes no Regionalização

20071211

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 3

Cláudia Maia, Relações Internacionais, Nova Iorque
Já estou fora há 11 anos. Quando digo isto em voz alta dou-me conta da enormidade de tempo. Um terço da minha vida. Não era o que pretendia quando saí de Portugal.Saí de Portugal para ir fazer um estágio na Comissão Europeia - estava convencida que esse estágio de 6 meses seria a cereja em cima do bolo (o bolo era a licenciatura em Relações Internacionais) e que me abriria muitas portas de regresso a Portugal. Era isso, ou então melhor que isso ... acalentava a esperança de conseguir um lugarzinho na Comissão Europeia ... haveria emprego melhor do que esse de ser funcionária pública e ganhar mil contos por mês?! OK, quimeras à parte, eu estava plenamente convencida que regressaria a Portugal no fim dos 6 meses de estágio.Se acabei por prolongar a minha experiência em Bruxelas, foi pela aventura, pelo prazer de conhecer outras realidades, outras mentalidades, para continuar a alargar horizontes. Bruxelas conglomera pessoas de todas as nacionalidades, com experiências interessantes e percursos de vida diferentes. E eu nunca tinha convivido com tal diversidade e tamanha riqueza de experiências. O Porto não é propriamente cosmopolita nesse sentido.Se não regressei a Portugal no fim dos 6 meses de estágio, foi porque quis prolongar a experiência, a aventura, o prazer. Fiz outro estágio, fiz um mestrado, e continuava a divertir-me imenso, a enriquecer e a crescer.E tanto fui adiando o regresso a Portugal (que, para o efeito, poderia ser Espanha, Itália ou Dinamarca) que dei por mim a procurar emprego em Bruxelas. Não encontrei propriamente um lugar nas instituições da União Europeia, mas fui recrutada por um banco que não é um banco (é um sistema de compensação e liquidação de valores) ... e tem corrido bem!O ambiente de trabalho conquistou-me e por isso estou no banco há 8 anos: um ambiente muito internacional (cerca de 2000 pessoas, com uma abundância de italianos, franceses, espanhóis, holandeses, ingleses, russos, finlandeses, alemães, chilenos, japoneses, portugueses...), uma hierarquia horizontal e acessível, aposta na formação contínua, oportunidades de carreira, e até oportunidades que já me levaram ao Brasil (7 meses em São Paulo) e que me trouxeram agora a NY.Este é o meu percurso até agora. E queria aproveitar este espaço - GAP - para ressaltar todo este lado positivo de partir de Portugal em direcção ao mundo!Não posso deixar de referir, no entanto, o lado menos positivo desta vida de expatriados ... nem tudo é aventura, prazer, glamour internacional!Na minha experiência pessoal, há um factor que não podemos ignorar, porque nos vai desassossegar, fazer sentir divididos, forçar a (re)considerar as nossas opções. É o factor 'saudade' ... saudades da família, saudades dos amigos, saudades dos percursos que se faziam (o simples acto de ir comprar o pão a determinada padaria ... ou passar naquele quiosque ... enfim, saudades das rotinas que nos desenhavam os dias), saudades dos sons e dos cheiros, saudades do Porto, saudades de esplanadas, do rio, do mar, saudades da minha vida, saudades dos anos que não vivi em Portugal (como se os tivesse vivido em Portugal) ...O factor 'saudade' alimenta viciosamente o factor 'dualidade', o dilema da dúvida e da incerteza ... como teria sido a minha vida se tivesse ficado? impossível pesar prós e contras (porque, não tendo vivido uma das opções, nunca saberemos o que perdemos ou o que ganhámos em comparação) ... devo deixar-me estar, prolongar esta minha 'aventura'? ou regressar? ... e regressar, será a decisão acertada? vou arrepender-me? ... quando é o momento certo? ...Mas não quero atormentar-vos com os factores 'saudade' e 'dualidade' ... arriscam-se a ficar estacionados por dúvida e por incerteza ... A verdade é que eu sou um bocado Kierkegaardiana, não liguem ... Avancem sem medos, partam à aventura, e enriqueçam Portugal com as vossas experiências!
Espero que este meu testemunho tenha mostrado o lado interessante da vida expatriada ... alertando para o poder insidioso da portuguesa saudade.

20071206

Aeroporto: lóbi da Ota ainda mexe!

Aeroporto: lóbi da Ota ainda mexe!

06-12-2007. "O movimento de defensores da Ota organiza hoje um seminário sobre as vantagens da construção do novo aeroporto naquela localidade, numa altura em que o LNEC adiou por um mês a apresentação do estudo comparativo.

"Organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES), em parceria com a Câmara Municipal do Cartaxo e a Câmara do Comércio e Indústria do Centro, o seminário «Um Aeroporto para um Portugal Euro-Atlântico», contará com as presenças do antigo ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, João Cravinho, do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e do Vale do Tejo, Alfredo Marques, e do consultor em navegação aérea Paul Willis." -- Diário Digital / Lusa.

Comentário:

Eu só gostava de saber como é que um homem (João Cravinho) responsável por três dos maiores desastres em matéria de decisão política -- a implementação do Alfa Pendular na Linha do Norte, as SCUTs e o Metro do Terreiro do Paço -- continua a puxar por mais uma opção ruinosa e tecnicamente idiota, como é o embuste da Ota. Num país civilizado (por exemplo a Dinamarca) ele estaria provavelmente a responder judicialmente pelos tremendos erros cometidos e pelos prejuízos causados durante as suas funções governativas. Por cá, lugarejo rico e em óbvia expansão económica, continua alegremente envolvido em jogos baratos de estratégia peninsular. Será que esta mente preocupada ainda não teve tempo de meditar, no exílio dourado de que goza em Londres, nas asnerias que fez e nas baboseiras que tem dito sobre a Ota?

 

Lóbi da Ota: contra aeroportos baratinhos

06-12-2007. "Parece que se o aeroporto for construído a sul do Tejo não custa nada, que pode ser feito como a sopa de pedra", diz, irónico, João Cravinho. É necessário, alerta, "avaliar os custos integrais, os directos e os induzidos, para uma e outra localização".

..."Além do ordenamento, do desenvolvimento e da "barreira Tejo, que custa muito dinheiro a ultrapassar", o empresário Henrique Neto adianta mais um argumento a favor da Ota. "É um crime que o território nacional mais preservado seja destruído com uma estrutura deste tipo, tanto mais que há alternativa"." -- João Fonseca, Diário de Notícias.

Comentário:

Quem é João Cravinho para falar de "custos integrais"? Não foi ele o fautor das mais crassas decisões políticas tomadas neste país em matéria de descarrilamento de "custos integrais"?! Preocupado com a travessia do Tejo? Acha que a Sul do Tejo só existem mouros e camelos, como o dromedário que lhe sucedeu na pasta e no desperdício? Ora tenha juízo, senhor galeguista de meia tijela. Vá passar um ou dois anos à Galiza (como eu fui) e inteire-se como deve do debate galaico-português, em vez de andar com os slogans superficiais do senhor Beiras colados na testa!

 

Metro em Santa Apolónia (onde?) em 22 de Dezembro

08-10-2007. "O ministro justificou o atraso de dois anos e meio da obra do Terreiro do Paço [na realidade foram 10 anos!] com questões de segurança e a necessidade de reformular todo o projecto.

"O anterior túnel teve de ser abandonado para que fosse construído um novo, mudou-se o local da estação. Na prática foi todo um novo projecto", sublinhou.

Mário Lino falou ainda da derrapagem de preços da obra, que acabou por custar quase o dobro do inicialmente previsto.

A obra estava orçada em 165 milhões de euros (a preços de 97) e acabou por custar 299 milhões (preços de 2007) -- [ou seja, 100 milhões de euros por cada quilómetro!]." -- Expresso.

Comentário:

O ministro responsável pelo lançamento irresponsável deste empreendimento, tecnicamente desaconselhado à época por todos os especialistas com reais conhecimentos na matéria (passar uma linha de metro diante de um conjunto urbanístico e arquitectónico ímpar, a Baixa Pombalina, assente em estacas de madeira), foi o mesmo irresponsável que continua a teimar no embuste da Ota. Tudo porque o homem treslê o mapa estratégico do país e confunde a independência de Portugal com propaganda barata de alguns galeguistas lunáticos.

 

Post-scriptum --

"A NAER já gastou 100 milhões de euros em estudos e a RAVE outros 50 milhões de euros e chegaram a uma situação surpreendente. Querem construir um novo

aeroporto sem saber como efectuar as ligações de bitola europeia a Lisboa.

Assim, os estudos vão ser perdidos e a Ota abandonada porque nenhum privado

irá investir um euro neste projecto." -- Rui Rodrigues

Mais um motivo para a indecisão do LNEC. Soube-se ontem que a célebre e aguardada opinião do famoso LNEC, que não tem nenhuma competência em aeroportos e é dirigido por um boy obediente ao PS, adiou a apresentação do seu aguardado relatório, aparentemente, por haver grandes divisões no interior das equipas que analisaram os problemas! Ahhaha... Deixa-me rir :-) Traduzido por miúdos, isto quer dizer o seguinte: o lóbi da Ota infiltrou-se na vetusta instituição e não pára de fazer pressões. O Socratintas anda com o rabo entre as pernas, esperando que não lhe caia o Carmo e a Trindade em cima da sopa!

20100303

A verdadeira Ruptura Económica de Paulo Rangel

A verdadeira Ruptura Económica de Paulo Rangel seria Libertar o Futuro dos Monopólios (empresas e territórios), dando lugar à Concorrência entre actores.

Acabar com os monopólios no desenvolvimento do território, devolvendo poder, autonomia, protagonismo, responsabilidade, hipóteses de desenvolvimento às regiões fora de Lisboa:
  • Não é necessário avançar com a Regionalização, atendendo ao risco para as finanças públicas;
  • Fusão da Gestão das Autarquias, imitando a reforma Relvas do tempo de Durão Barroso e reforma semelhante efectuada na Dinamarca em 2007; contribui também para reduzir despesas na administração pública; Paulo Rangel defendeu esta tese em 2006;
  • Desconcentração da administração pública, sedeando fora de Lisboa organismos e institutos do Estado, onde o m2 e o salário médio é mais barato e dando mais qualidade de vida à população de Lisboa; Paulo Rangel defendeu esta tese em 2006;
  • Extinguir Governos Civis;
  • Criar Círculos Uninominais;
  • Extinguir as funções de políticas públicas dos ministérios ligados ao desenvolvimento (economia, cultura, segurnaça social, educação, ordenamento território, agricultura) e passa-las para as autarquias «fundidas»; O Estado Central ficaria apenas com funções de regulação, fiscalização, cadastro, auditoria, rankings, controlo dos actores regionais; Continuaria a ser responsável pelas funções de Estado, nomeadamente Finanças, Justiça, Segurança, Defesa, Negócios Estrangeiros, Saúde. Com menos competências, seria mais eficiente.


Acabar com os monopólios no desenvolvimento económico, nomeadamente o privilégio que os sectores de bens e serviços não transaccionáveis, claramente sobre-dimensionado face à conjuntura, tem tido ao longo dos últimos anos:
  • Estimular concorrência, privatizar ou extinguir «golden shares» nos fornecedoras de serviços de bens e serviços não transaccionáveis, (Edp, PT, CP, TAP, RTP, GALP), mas não as redes/infra-estruturas respectivas (REN, Refer, ANA, Rede de telecomunicações, Lusa, RTP Internacional, RTP África, terminais de refinarias e oleadutos);
  • Suspender e anular PPP/planos de iniciativa governamental previstas e em curso, que não são mais do que impostos dados a privados em troca de projectos de escassa utilidade. Concretamente, Plano Nacional de Barragens (que beneficia a EDP), E-escola (que beneficia a PT), TTT, TGV e Alcochete, (que beneficia Motas-Engis, BES e escritórios de advogados) SCUTS (que beneficia as Brisas);
  • Orientação das obras públicas para o aproveitamento do património/infra-estruturas existentes em vez de construir novo, acabando com o desperdício de impostos que apenas servem para alimentar o sector da Construção Civil e Obras Públicas que em Portugal tem um peso no PIB 50% superior à média da OCDE e que inevitavelmente tem que se reduzir. Exemplos:
  • Reabilitar linhas férreas para bitola europeia, sobretudo na área das mercadorias em vez de avançar com o TGV;
  • Descentralizar, modernizar e orientar para low-cost aeroportos existentes (Bragança, Vila-real/Leiria, Alverca) em vez de Alcochete;
  • Impedir situações como, por exemplo, a intenção de Rui Rio, no Porto construir um novo pavilhão de congressos com fundos públicos a escassos 300 metros de 2 já existentes; Ou então a intenção de em Matosinhos se construir um caríssimo edifício de autor no molhe do porto de Leixões, para lá instalar uma mera residência universitária; Apesar do clima, há mais pavilhões gimno-deportivos per capita em Portugal do que na Escandinávia.
Esta é que seria a verdadeira a Ruptura Económica de Paulo Rangel.

20080222

Crónicas das «Máfias» do Centralismo 3: Os negócios do Direito

O padrão de sempre: As oligarquias de Lisboa manipulam o Estado Central de forma a este os beneficiar economicamente.

Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho Pinto:

O candidato a bastonário da Ordem dos Advogados Marinho Pinto recomenda numa carta ao primeiro-ministro medidas para combater os alegados «negócios» entre o Estado e algumas sociedades de advogados de Lisboa, disse o causídico à Lusa. Um «inquérito rigoroso», «quanto é que o Estado gastou» nos últimos dez anos com pagamentos a advogados, a criação de «regras claras e transparentes» para a sua contratação e a exigência de um parecer prévio da Ordem dos Advogados (OA) são as medidas sugeridas por António Marinho Pinto ao primeiro-ministro, José Sócrates. (...) Na carta dirigida a José Sócrates, no dia 24 de Setembro, a que a agência Lusa teve hoje acesso, Marinho Pinto lembra que o Estado é «indiscutivelmente o maior cliente da advocacia portuguesa», mas que «tem dado preferência, de forma sistemática e aparentemente injustificável, a um pequeno número os grandes escritórios de Lisboa»…

Pacheco Pereira também o reconhece:

«Mas o "bloco central de interesses" evoluiu com a economia, e adaptou-se às privatizações, deslocou-se para fora do Estado e foi para os grupos económicos, para os bancos, as seguradoras, as empresas de construção civil, etc., etc. Quase que se pode formular uma regra simples: quanto mais depender um grupo económico de decisões do governo para conduzir a sua actividade empresarial, tanto maior é a presença deste "bloco central de interesses" no seu seio. A deslocação do Estado para o privado significa que os mecanismos de influência tendem a deslocar-se de fora para dentro, a centrar-se na mediação de negócios, assentes em empresas de consultadoria e em grandes escritórios de advogados, que todos sabem serem as portas certas para chegar ao governo, este e os anteriores.»

O José publica também ontem na GLQL:

No Orçamento de Estado para 2008, se a regra ao nível da despesa com o pessoal é de alguma contenção, já o montante previsto para a prestação de serviços de consultadoria provenientes do exterior dispara, revelando uma subida surpreendente.

Efectivamente, para o ano de 2008, no subsector Estado e nos serviços e fundos autónomos o governo decidiu reservar 190,3 milhões de euros para a rubrica «estudos, pareceres, projectos e consultadoria» ou «outros trabalhos especializados», valor que representa um acréscimo face ao orçamentado em 2007 de 63,5%, aumento que se eleva para 76,1% se nos ativermos apenas aos serviços sem autonomia financeira.

A este propósito, será conveniente relembrar a recente notícia de que o governo remeteu nada menos do que cinco (!) pareceres subscritos por professores de Direito Económico/ Fiscal ao Tribunal Constitucional, que tinha sido chamado a pronunciar-se sobre a constitucionalidade da Lei de Finanças Locais, aprovada pelo Parlamento e que o presidente da República; submeteu à apreciação do Tribunal Constitucional antes da sua promulgação, vindo posteriormente a saber-se que cada um desses pareceres custou 30.000,00 euros ao erário público (isto é, aos cidadãos contribuintes), sendo que numa das últimas edições da revista «Visão» esta realçava quão profícua é a actividade dos pareceres jurídicos, cuja remuneração unitária se situa entre 10.000 e os 75.000 euros (...).

Afinal, o que são e para que servem os pareceres e os estudos?

A localização do novo aeroporto serve de exemplo perfeito para ilustrar a irrelevância dos mesmos – discute-se a necessidade de uma nova infra-estrutura aeroportuária há mais de 30 anos, mas é nas vésperas da «decisão política» que os estudos de universitários e técnicos, antes calados vá-se lá saber por quê, encontraram novo fôlego e dinheiro para, num par de meses, descobrirem e aparecerem a defender milagrosas soluções que em mais de três décadas nunca ninguém descortinou. O que nos ensinaram estes novos estudos sobre a localização do novo aeroporto? Estamos mais bem informados? Claramente que não. Em vez de darem respostas, enchem-nos de dúvidas, tentando em primeiro lugar destruir os outros estudos, impossibilitando que a decisão final seja tomada de forma minimamente racional e consensual.

A importância de tais estudos e pareceres resulta, assim, apenas de terem conseguido gerar um «mercado original, não de criação de valor, mas de mera troca de dinheiros públicos» que influencia decisivamente as relações entre governantes e dos autores de tais estudos, funcionando num primeiro momento como defesa das tomadas de decisão dos políticos no exercício de funções governamentais e, por outro, na respectiva derresponsabilização quando as opções se revelem erradas.

Ou seja, a decisão governamental que se tem por eminentemente «política» e não é, por isso mesmo, «neutra» (por alguma razão a legitimidade dos governantes assenta no voto em eleições) passa a subordinar-se a meros critérios de pretensas tecnicidade, imparcialidade e independência.

Sabe-se como tudo isto funciona – o governante, porque tem total liberdade de escolha (não é certamente por acaso que o novo bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, veio defender «a realização de concursos públicos para a contratação pelo Estado de serviços de advocacia» como forma de pôr cobro a «situações de promiscuidade entre o poder político e alguns escritórios de advogados» – entrevista ao «Público» de 09.12.07), começa por comprar a imparcialidade, a independência e a tecnicidade de um ou mais «juristas, economistas ou engenheiros ilustres» (sim, tudo isto, tecnicidade, imparcialidade e independência também estão à venda (...). Esses «juristas, economistas ou engenheiros ilustres», a troco dos elevados montantes auferidos, predispõem-se a receber os recados daqueles e a estudar e a apresentar a solução formatada à decisão já pré-determinada (...).

Por fim, o último elo da cadeia deste mercado funciona quando os governantes deixam o exercício das respectivas funções, ao encontrarem de imediato emprego nas sociedades de advogados, gabinetes de engenharia e empresas a quem anteriormente adjudicaram tais estudos e pareceres.

Os governantes começam por ser eleitos pelo voto dos cidadãos em eleições suportadas financeiramente por estes, posteriormente os mesmos cidadãos enquanto contribuintes pagam os estudos e pareceres que sustentam a decisão política dos ditos governantes, para finalmente estes, através do «abuso de poder», do «compadrio» e do «tráfico de influências» transferirem, por via desse mercado, dinheiros públicos para a órbita dos privados, sem qualquer poder de escrutínio por parte dos cidadãos-contribuintes.

Se isto não é «corrupção no sentido de subtracção de dinheiros do Estado em favor de privados», então já não sei o que é corrupção.

Conclusões:

  • Cada vez é mais perceptível o objectivo do Apito Dourado: Manobra de diversão para esconder o «modus operandi» do modelo económico de Lisboa;
  • A solução passa pela retirada ao Estado Central do poder nos sectores relacionados com o desenvolvimento e devolução às autarquias/regiões. Apenas privatizar, mantendo-o em Lisboa não teria qualquer resultado;
  • Caro Dr LFM: Despeça o seu consultor Cunha Vaz, que anda-o a «vender» a estas «Máfias». Aposte num Portugal mais liberal, multipolar com 30 autarquias/cidades/regiões a competirem entre si munidas de novos poderes subtraídos à administração central. Inspire-se na fusão de autarquias com regionalização operada na Dinamarca. Não perca mais tempo.

20070727

Fusão Porto-Gaia, Romanos, Dinarmaqueses e Japoneses

Poís é António. Eu não quero ser a vanguarda intelectual que sabe mais que o Povo. Mas vejamos, este mesmo Povo portuense e gaiense é aquele que consome toneladas da tal informação e conhecimento futebolístico, que várias vezes aqui referi e da qual não sou adepto. Um verdadeiro Pão e Circo (*) dos tempos modernos. Entretano os povos primitivos do reino da Dinamarca e do Japão avançam com as suas fusões de autarquias e reorganizações territoriais como se pode ler aqui e aqui. O Povo do Porto e de Gaia, estão na vanguarda europeia, sabem bem o que querem e não se deixam manipular por ninguém, como provam todas as estatísticas do desenvolvimento...

 

(*): Pão e Circo, uma maneira de contentar a população oferecendo comida e diversão, dessa maneira obliterando o espírito crítico e a capacidade ativista e contestadora

Leituras recomendadas