20080914

O sindicalismo patronal

O Governo anunciou há dias que abrir uma linha de crédito bonificado de 400M€ para as PME, montante que as empresas deverão utilizar exclusivamente em acções tendo em vista o aumento da sua actividade.

A Associação Nacional das PME veio protestar contra a medida, afirmando que a inexistência de dívidas fiscais não deveria ser critério para acesso à linha de crédito, e que suspeita que este dinheiro seja distribuido pelos melhores clientes da banca.

Ou seja, a Associação Nacional das PME acha que os incentivos do Estado devem ser atribuidos às empresas que não cumprem as suas obrigações fiscais ou àquelas que os bancos consideram ter maior risco de insolvência.

Portanto, o caminho para sair da crise não é permitir que as melhores empresas cresçam por forma a ocupar o espaço das empresas que criam menos valor. O caminho para sair da crise é fazer com que as empresas em risco de insolvência aumentem de tamanho. Pois claro. Não admira que estejamos em crise.

Nota: Tenho sido bastante insistente contra a atribuição de subsídios às empresas. Neste caso, porém, considero que a medida é bastante meritória. Porque é uma política económica contra-ciclica apoiada numa forte alavancagem da despesa do estado (multiplicação de 10-20x em investimento privado), e não em despesa directa (ex. obras públicas). Porque ataca directamente o maior problema actual das empresas, que é a falta de liquidez. Porque apoia as melhores empresas, e não as piores como é usual (e como a ANPME desejaria). E, por último, porque o incentivo é distribuido por muitas empresas, sendo individualmente diminuto, pelo que tem um efeito marginal em termos de criação de subsidio-dependência ou deturpação da concorrência.

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