20090820

Distinguir o trigo do milho evita raciocínios em «loop»

Jornal de Negócios Online - O Banco Carregosa (sede no Porto) vai abrir uma sucursal em Madrid até ao final deste ano, revelou ao Negócios Pedro Duarte, presidente executivo da instituição financeira.
JAFerraz afirmava, há dias, em entrevista à RTV, que havia poupança nos balcões bancários do interior Norte que não eram canalizados para projectos locais. Sugeria a criação de um Banco Regional. Ora, o que sacontece na realidade é que um banco de investimento sediado no Porto trata de abrir sucursal em Madrid e internacionalizar-se em vez de rumar ao interior Norte.
O mesmo dilema preocupava há dias, Rui Valente e Rui Farinas relativamente à Sonae. Provavelmente, Belmiro emprega mais lisboetas do que portuenses.
Porquê esta aparente contradição ?
O problema destes amigos bloggers é que não compreendem que a actividade económica pode ser dividida de várias formas e uma delas é a divisão considerando a origem territorial da procura. Nesta caso teriamos os sectores dependentes da procura Local/Regional e sectores dependentes da procura Nacional/Internacional, isto é, fora da região onde está situada a empresa/negócio/organismo. Exemplifiquemos.
Sector de procura Local/Regional:

  • Transportes, públicos e privados, de passageiros e mercadorias , com rede local/regional (taxistas, STCP, TUBraga, Internorte, Metro do Porto, Aeronorte, TransMaia, etc) ;
  • Hospitais clínicas, médicos e afins independentes, públicos ou privados (ex.: Hospital da Trofa);
  • Portos e aeroportos individuais;
  • Comércio local, restauração, farmaceuticos individuais;
  • Ensino (Infantários, Escolas, Universidades, públicos ou privados;
  • Pequenos promotores imobiliários, empresas CCOP, e gabinetes arquitectura/engenharia (grande parte dos leitores da Baixa do Porto);
  • Clubes desportivos locais;
  • RTV, PortoCanal, BragaTV, DouroTV, radios locais, semanário Grande Porto, Diário do minho, impressa local, etc;
  • Proprietários de imóveis (via valorização da propiedade e possibilidade de arrendamento) e empresas gestoras de condomínios;
  • Delegações locais dos fornecedores Bens e Serviços não Transaccionáveis (sucursais de bancos, seguros, energia, telecomunicações, correios, repartições de finanças, e da segurança social, lojas, super e hipermercados individuais, etc);
  • Independentes ou pequenos contabilistas, advogados, auditores;
Sector de procura Nacional/Internacional:
  • Grandes promotores imobiliários e lobby betão (Soares da Costa, Mota Engil);
  • Grandes cadeias de distribuição (Sonae);
  • Hotelaria;
  • Exportadores;
  • Sede dos fornecedores de Bens e Serviços Não Transaccionáveis (Bancos, GALP, EDP, PT, ZON, CTT, BRISA, Administração Central, etc)
  • Grandes contabilistas, advogados, auditores, consultores (PWC, Accenture, A Vieira de Almeida, etc)
  • Sede dos grupos de saùde e administraçâo central da saùde;
  • FCPorto, Sporting, Benfica;
  • TVI, SIC, RTP, Antena 1, Publico, JN, DN, etc
  • Transportes de passageiros públicos e privados, passageiros e mercadorias de ambito nacional (Luis Simões, TAP, CP, etc)
A Blogosfera Regionalista, a Rede Norte, os cidadãos legitimamente interessados e preocupados com o seu futuro no território onde actualmente vivem, tem que perceber de uma vez por todas, que é impossível esperar dos agentes económicos cujo mercado é Nacional/Internacional qualquer sensibilidade para a equidade no desenvolvimento territorial. Para eles, naturalmente, não interessa onde está situada a procura ou a riqueza.
Se querem solidariedade, se querem convencer alguém, se querem apoio, tem que se orientar para todos aqueles que estão no primeiro sector. É este o nosso mercado.
É importante distinguir o trigo do milho para evitar raciocínios em «loop».



10 comentários:

António Alves disse...

a questãoprimordial nem sequer é essa. a questão é primordial é esta:

"A região onde se observava um maior contributo do sector das Administrações públicas para o VAB é a região de
Lisboa e Vale do Tejo, onde se localizam os serviços da Administração central. De seguida, surgem as Regiões
Autónomas, onde se localizam os serviços associados aos Órgãos dos Governos Regionais. Por sua vez, o
Alentejo também apresentava índices superiores à média nacional, enquanto o Algarve figurava com índices
próximos de 100. Pelo contrário, as regiões Norte e Centro apresentavam índices inferiores à média nacional."

Em palavras simples: precisamos de poder político, autonomia. o resto é conversa para entreter meninos e economistas desempregados.

António Alves disse...

essa é que é a verdadeira distinção entre o trigo e o joio ;-)

Jose Silva disse...

Pois António,

Diga é como implementa o tal poder político.

Para mim é obvio que quem temos que convencar são os eleitores afectos à economia local/regional. São esse que ganham com a instituição de um poder político regional.

Eventualmente estarei a conduzir o comboio (raciocínio) para o lugar errado. Mas também não sou maquinista...

António Alves disse...

o que eu pretendo enfatizar é o seguinte: por muito que incentive e desenvolva a economia local, sem poder político uma parte substancial do VAB gerado irá parar aos bolsos de outros que não os locais através dos impostos cobrados. um número: 10% do PIB de Lisboa é directamente gerado pela administração central. directamente, porque se analisarmos o efeito multiplicador desse volume nas restantes componentes do produto teremos um número ainda mais elevado. mas eesse efeito será o jośe mais habilitado que eeu para o demonstrar.

Rui Valente disse...

caro José Silva,

o António Alves já disse o fundamental, mas eu gostava de lhe fazer outra pergunta:

acha que o Belmiro ou o Amorim, tendo chegado onde chegaram enquanto empresários,se quisessem, não podiam contornar perfeitamente essas «alquimias» economicistas da oferta e da procura, se se tivessem empenhado [com uma sociedade conjunta até, por que não?]a sério e investido no sector da comunicação social? Refiro-me concretamente a uma televisão a sério! Estou a falar de uma coisa a sério mesmo, para fazer concorrencia às tvs monopolistas de Lisboa.
É possível que o José acredite mesmo que não tinham poder para isso? Terão falta de arrojo, talvez, uma fraca noção de cidadania, indiferença pelas coisas públicas, talvez também, mas, falta de poder? O que é o Poder se não o dinheiro?
Então o que é que faziam os antigos banqueiros antes do 25 de Abril que abriam bancos com sede no Porto? Haverá um medo em democracia que não havia em Ditadura? Quem percebe isto?

Jose Silva disse...

Caro António,

Não lêu ou não interrpretou correctamente o meu post. Eu não estou a defender o investimento/apoio à economia Local/Regional face à Nacional/Internacional.

O que eu afirmo é que é nos agentes económicos do 1º sector que se vai encontrar eleitores e cidadãoes favoráveis às nossas causas (Regionalização, defesa do ASC, não à barragem no Tua, etc)


Caro Rui,

O povo se fosse inteligente não era povo.

BElmiro, Amorim se fosse regionalista ou preocupados/empenhados em questões de equidade territorial nunca chegaria a ser grandes empresários.

Você está a pedir que que Amorim e Belmiro sigam Bill Gates e M.Bloomberg que depois de grande sucesso económico optaram por carreiras filantrópicas/políticas.

Parece-me que já não tem idade para isso... Alem do mais, Belmiro vai afirmando que já faz muito filantropismo com o Público e com o hotel Porto-Palácio, que dão prejuizo...

António Alves disse...

confesso que tenho muita dificuldade em perceber essa filantropia do senhor Belmiro de Azevedo no Porto Palácio ou no Público. não existem mais hoteis no Porto ou mais jornais em Portugal? que filantropia existe em sustentar empresas deficitárias que produzem bens de consumo corrente? fazia mais se aumentasse 100 euros a cada funcionário das caixas do Continente.

Jose Silva disse...

Pois António,

Mais um argumento para não acreditar muito na boa vontade de Belmiro...

Rui Valente disse...

José,

Quem é que não tem idade para "isso" e o que é isso?

Jose Silva disse...

«Você está a pedir que que Amorim e Belmiro sigam Bill Gates e M.Bloomberg que depois de grande sucesso económico optaram por carreiras filantrópicas/políticas.

Parece-me que (BELMIRO, AMORIM) já não tem idade para isso (SEREM FILANTROPOS OU POLÍTICOS).»

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