20081122

Youtube Live : Início do fim da hegemonia comunicacional de Lisboa







A propósito do episódio da suspensão da Democracia por 6 meses, António Maria descreve como funciona a manipulação comunicacional sedeada em Lisboa: O MSM recebe indirectamente do Governo notícias prontas a difundir e implicitamente sabe que vai receber contratos publicitários do Estado Central:

(...) O actual governo "socialista", que começou por copiar o neo-liberalismo de Tony Blair (exagerando, claro!), sabendo das fragilidades económicas extremas do suposto Quarto Poder na era da globalização internética e blogosférica, seduziu os jornalistas e empresários de comunicação para um verdadeiro pacto com o diabo do poder. Em troca de uma generosa alimentação publicitária de Estado, a independente e ética comunicação social lusitana faria os fretes que fossem necessários à actual maioria e tríade de piratas que a sustenta. E assim foi!

Faltava, porém, um mecanismo de disfarce das operações de contra-informação montadas diariamente pelo actual poder político, ora para fazer propaganda ad nauseam da sua nulidade executiva, ora para esconder até ao limite as verdades inconvenientes (por exemplo, o caso da caricata licenciatura do primeiro ministro, ou o fracasso completo do aeromoscas de Beja), ora para realizar operações integrais de marketing político das suas decisões, por mais idiotas que se afigurem ao comum dos mortais (por exemplo, o caso do inabalável aeroporto da Ota, ou a ópera bufa em volta do portátil da Intel e da Microsoft, alcunhado de Magalhães). O mecanismo apareceu e prospera como nunca. Chama-se "agência de comunicação".

Uma agência de comunicação, em Portugal, é basicamente uma empresa de serviços dedicada à produção e disseminação de informação paga por clientes, e como tal confeccionada e infiltrada no tecido mediático dominante de acordo com as exigências de conteúdo e formais do cliente. Ou seja, a imprensa, trajada a rigor como virgem ética da verdade comunicativa, recebe informação gratuita (lembrem-se que as empresas de média estão virtualmente falidas), embora com uma condição de acessibilidade irrecusável: publicar na hora, não apenas a informação, mas a forma editada da informação, que as agências diligentemente obtêm dos seus clientes e fazem chegar às redacções. (...)

O Norte, aliás o resto do pais, tem que gramar e financiar com impostos para a RTP, toda esta manipulação, quer seja na publicidade negativa contra FCP, Metro do Porto, autarcas ou empresários do Norte, ou aceitar sem argumentação a retórica justificação de investimentos injustificáveis Otas, Alcochetes, TTTs, TGVs, NovAlcantara, Plano Oeste, que o governo quer implementar. Porém, como já tinha descrito no post anterior, o modelo de negócio da comunicação social está em rápida alteração. A Blogosfera já deu cabo da Imprensa e brevemente novas ferramentas darão cabo da rentabilidade das TVs generalistas. Ora, hoje, é precisamente um dia D: Arranca o YouTubeLive, isto é a possibilidade de realizar grátis emissões video ao vivo. Este serviço já é actualmente oferecido por operadores com menor base de utilizadores, pelo que, as emissões video ao vivo cresçerão de forma mais acelerada, como as sondagens aos hábitos de consumo de TV/videos online vão confirmando. É mais um passo para a maior liberdade de produção e difusão de conteúdos multimédia, que contribuirá significativamente para quebrar a hegemonia comunicacional de Lisboa.

PS: Efectivamente ainda não se sabe se o Youtube Live será apenas um evento ao vivo ou se será o lançamento do serviço, prometido pela empresa no início deste ano. Há neste momento várias especulações. De qualquer modo a existência independente dos operadores Ustream.tv e Mogulus.com, confirmam a minha tese.

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