Será pura provocação, ou fará sentido? É preciso fazer as contas...
O Aeroporto da OTA terá (segundo Mário Lino) capacidade para 40M pax por ano. Tem uma área de influência de 4.000.000 pessoas. O Aeroporto Sá Carneiro (ASC) terá, após todas as expansões possíveis, capacidade para 15M pax por ano. Tem uma área de influência de 5.000.000 pessoas (mais 25% que a OTA).
É natural que o aeroporto da capital tenha mais movimento. Mas tendo em conta que a área de influência do ASC tem mais população, e que o Turismo no Norte tem maior potencial de crescimento que o de Lisboa (crescimento das dormidas turisticas no PENT de 8,5% no Norte vs. 6,7% em Lisboa - o turismo na capital está numa fase mais "madura"), não será possível que o Centro/Norte necessite de, por exemplo, 50% da capacidade da OTA - 20 milhões de pax?
Sendo necessária uma nova expansão, ou é possível a utilização dos terrenos actualmente ocupados pela refinaria da Galp (o que tenho algumas duvidas, até porque estão separados por uma autoestrada), ou então é necessário um novo aeroporto para a região.
Será então necessário desde já reservar os terrenos adequados para o efeito. Espero não ser acusado de centralismos, mas parece-me que idealmente o novo aeroporto, vocacionado para as Low Cost, deveria ficar a cerca de 50kms do Porto (70 no máximo). Sendo assim, 2 localizações parecem especialmente adequadas do ponto de vista economico-turistico, havendo outras possíveis:
- Na zona de Braga, na área do quadrilátero urbano (Braga, Barcelos, Famalicão e Guimarães), onde teria a virtude de potenciar Braga e Guimarães como destinos turísticos de City Break, bem como captar voos e passageiros da Galiza. Particularmente oportuna com a AV até Vigo. A minha favorita, de longe.
- Na zona de Aveiro. Poderia potenciar o Porto de Aveiro para tráfego de mercadorias, desenvolver algum turismo na cidade, e captar passageiros de Salamanca. Caso o novo aeroporto de Lisboa não fique na OTA, seria particularmente vantajoso para a zona de Coimbra-Aveiro-Viseu, bem como para o Pólo Turístico da Serra da Estrela. Caso fique na OTA, haveria alguma sobreposição de área de abrangência (mas, com o TGV, poderia servir para aliviar 2 aeroportos, ASC e OTA, até porque esta só terá capacidade para 30M pax.) Coimbra é uma solução quase equivalente (caso não haja OTA).
- Vejo ainda como opções Viana do Castelo / Ponte do Lima (maior captação de Galegos, e potenciação de Viana como cidade turística), Amarante / Vila Real (potenciação do turismo no Douro e desenvolvimento do interior) e Viseu (captação de passageiros a Salamanca, potencia o turismo no Douro e Serra da Estrela, mas seria importante ter uma estrada em condições directa ao Porto).
Nota: O crescimento homólogo do número passageiros internacionais em Fevereiro 2007 foi de 40% no ASC e de 16% na Portela.
Adenda posterior: Não me parece, de facto, que um novo aeroporto para o Centro-Norte seja hoje uma prioridade. O ASC tem neste momento muita capacidade excedentária. Poderá ser relevante, daqui a 5-10 anos, pensar em reservar um espaço para o efeito. A não ser que, como o Governo erradamente afirma, se mantenham as actuais taxas de crescimento nos próximos anos. Sendo assim, este post não é mais do que um exercício teórico que, espero, possa estar presente na mente de quem, em 2015-20, estiver a planear o futuro da estratégia aeroportuária nacional (supondo que nessa altura existirá alguém que o faça), e para que se evite toda a confusão que rodeia hoje o novo aeroporto de Lisboa.