20080111

A integração do ASC na futura Linha de Velocidade Elevada (LVE) Porto-Galiza através da Linha de Leixões

A discussão sobre o futuro do Aeroporto Sá Carneiro (ASC), até por causa dos últimos acontecimentos, estará de novo viva na agenda mediática. Aproveito o ensejo para voltar a um tema de primordial importância: a integração do ASC na futura Linha de Velocidade Elevada (LVE) Porto-Galiza.

É notório que existe uma resistência por parte do governo em assumir que a ligação do aeroporto à nova linha ferroviária se faça desde já. Um dos argumentos utilizados para protelar a decisão tem sido a suposta necessidade de construir um túnel entre Campanhã e o ASC. Neste texto apresento um conjunto de factos e argumentos que, na minha opinião, provam que não é necessário construir qualquer túnel e que até já existe uma ligação eficiente para alcançar o importante objectivo de conseguir a ligação do ASC à LVE. Essa solução é a adaptação do canal ferroviário da Linha de Leixões para esse fim.

As grandes vantagens desta proposta são não pôr em causa o objectivo de ligar Porto a Vigo em 60 minutos, a facilidade de construção e o baixo custo financeiro. Esta ligação será sempre muitíssimo mais barata que uma solução em túnel e com prazos de construção incomparavelmente menores. O custo médio por quilómetro estimado para o projecto LVE Porto-Vigo é de 9 M€ (1). Os 18,5 km aqui propostos, mesmo que atingissem esse preço (hipótese que não se põe), custariam cerca de 167 M€. Em relação à opção túnel representaria ainda assim uma enorme poupança de 433 M€. Esta proposta tem ainda a vantagem adicional de modernizar a Linha de leixões. O que possibilitará a introdução de comboios urbanos nesta via conseguindo-se desse modo uma cintura externa à rede de metro do Porto.

Documento PDF

António Alves

Declaração de interesses: Não possuo qualquer terreno que possa vir a ser valorizado por alguma das intervenções aqui propostas. Aliás, não possuo terrenos em lado nenhum. Nem mesmo no cemitério. Exerço uma profissão ferroviária, logo a extensão do caminho-de-ferro beneficia-me directamente. :-)

(1) RAVE – Relatório e Contas de 2006 da RAVE, p. 34 (http://www.rave.pt/pdf/RelContas_RAVE_2006_v2.pdf)

7 comentários:

  1. Excelente António !

    Vou lêr.
    Espero que tenha escrito sobre o facto de esta integração levar à transformação da Linha Vermelha do MP em linha suburbana da CPporto com destino a Nine-Barcelos-Viana, usando o mesmo canal que o CVE ! O troço Porto-Aveiro permite pendulares e suburbanos, não é ?


    Terminada a guerra da OTA (agora só falta que a recessão no transporte aereo e a crise no crédito) transformem Alcohete no «+1» lá para as calendas de 202x, temos que nos voltar para o lobby do comboio para Vigo e para o upgrade da linha do Douro.

    Parabéns novamente !

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  2. Já li. Excelente !

    Notas:
    «Braga distará do ASC, por caminho-de-ferro, somente 20 minutos»; «Coimbra, usando comboios regionais expresso pela actual Linha do Norte, ficaria a 1h e 15 m do ASC e Aveiro a 50 minutos. Estas duas cidades, tal como Braga, seriam muito beneficiadas: a sua competitividade internacional aumentaria devido à aproximação que conquistariam às citadas infra-estruturas.»

    Acho preferível uma ligação directa a Nine do que a ligação à Trofa. Se o canal CVE seguir pela linha Vermelha até Modivas/Azurara, podemos criar um suburbano até Barcelos/Viana.

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  3. Caro António Alves,

    Embora ainda não tenha tido tempo para ler toda a sua proposta, em pdf, não deixarei de o fazer brevemente, visto que o pouco que já li me deixou positivamente entusiasmado.

    Houvesse no Norte lideranças com esta capacidade de visão e à muito que o País que estaríamos a construir seria outro...

    Afinal, sempre é possível um Portugal melhor, bastando quereres como o seu!

    PS. Em tempos informaram-me que a duplicação da linha do Douro e sua modernização custaria cerca de 100 mil euros por km, em média; do mesmo passo também me tinham citado, já foi há cerca de 3 anos, 7 milhões de euros como o custo do km de alta velocidade (+de 300km/h). Portanto fiquei surpreendido com os valores que aqui aponta para a velocidade elevada: 9 milhões!? Que me pode dizer sobre isto?

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  4. peço desculpa, "há muito", como é óbvio...

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  5. São os números que estão no relatório e contas da RAVE.
    Mas são reais. A renovação da Linha do Norte tem custado em média 16 milhões por quilómetro.

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  6. ventanias,
    procure aqui no blogue os artigos de MMT sobre a recuperação da linha do Douro.

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  7. Caro José,

    Eu também considero que a ligação devia ser directa a Nine, embora sem usar o canal da linha vermelha. Mas cingi-me a dados objectivos e a pressupostos enunciados pelo governo: eu ouvi da boca da própria secretária de estado que já tinham um canal reservado até à Trofa. Foi neste cenário que elaborei o meu texto.

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