José Silva,
Bem que gostaria, tão cedo, de evitar as futebolices, mas como constatará, esse maldito está quase sempre presente na vida dos portugueses e não é tão irrelevante como imagina. Além disso, se o povão (do Porto e de Gaia, mas não exclusivamente) não fosse manipulado pela comunicação social preferencialmente pelo lado pior do futebol, talvez então por esta altura estivesse um pouco mais politizado e combativo. Mas mesmo assim, não nos iludemos nem pensemos que anda a dormir na forma (como parece), porque se lhe for dada voz, talvez tenhámos surpresas agradáveis...
Como sabe, aprecio futebol, mas, como a minha própria intervenção neste blog o comprova, não é por isso que deixo de me preocupar com assuntos mais importantes como é o caso da crise que assola a nossa região e que, afinal de contas, esteve na génese do Norteamos. Como eu, felizmente há muitos mais, mas quantos deles (provavelmente a grande maioria), terão instrução e condições económicas para acederem a um computador e depois à Net? O realismo que evocou, também deve ser considerado por este prisma.
Mas, titulei oportunamente de "provincianismos" este post para, lhe dar mais um exemplo de onde ele realmente nasce, cresce e emana, e como pode potenciar rivalidades insanas nesse "obscuro" mundo que é o futebol ...
Um conhecido jogador do Benfica recentemente transferido para o futebol espanhol, mereceu da parte da televisão pública e privada uma cobertura tão grande e abrangente, que em defesa do direito à preservação da sanidade mental pública não poderá ser excessivo adjectivá-la de: bacôca, parôla, ridícula e esbanjadora.
Foram todos os canais, mas só a SIC, fez um autêntico romance melo-dramático (houve lágrimas e tudo) com a sublimidade do acontecimento, abrindo com ele o jornal da tarde - onde consumiu à vontade 17 minutos numa 1ª. fase e cerca do mesmo tempo pouco a seguir - e fechando o Jornal da Noite também. Observe-se bem: sem o pedirmos nem desejarmos, ficamos todos a conhecer a família completa do jogador em questão, só faltando mesmo saber de que raça e côr seria o cãozinho de estimação da sua avozinha...que também nos foi apresentada.
Não imagino bem quanto a SIC (ou qualquer outra estação de TV) cobrará o 'segundo' por um spot publicitário, mas fazendo um cálculo aleatório a 100,00 € por segundo (deve ser muito mais), multiplicado à meia-hora dedicada ao tema teremos: 1800' x 100,00 € = 180 000, 00 €). Cento e oitenta mil euros de publicidade gratuita feita a um jogador e a um clube, apenas porque se transferiu para outro! Admitindo que o valor acima estimado é ainda assim baixo, podemos extrair uma certeza, que é a de ficarmos a saber que o tempo da SIC pouca valia tem para o desperdiçar desta forma. Um alerta portanto aos residentes que eventualmente tenham negócios do género com a estação e uma boa oportunidade para reclamarem uma boa rebaixa na tabela de preços da publicidade, porque a avaliar pela amostra, o tempo da SIC não vale grande coisa...
Ora, onde reside afinal a importância de assinalar este tipo de situações ligadas ao desporto e ao futebol em particular? Em primeiro lugar, por tudo aquilo que expliquei no parágrafo anterior. Em segundo, por ser um exemplo claro e inequívoco de provincianismo básico e abastardado (que não parte do Norte). Terceiro, para se entender como é diferente o comportamento dos orgãos de comunicação social lisboetas perante um mesmo facto, mas com protagonistas diferentes... Em último lugar, por destacar a sobriedade com que foi noticiada a transferência de outros jogadores de um outro clube (O FCP), por valores bastante mais elevados para clubes estrangeiros de muito maior prestígio (Manchester United).
Pela minha parte e para que não saia já a terreiro alguém a desencantar do "utilitário" baú dos complexos nortenhos, típicas e convenientes invejinhas para com o Sul como razões destes meus argumentos, quero informar desde já que prefiro - apesar de não ser por uma boa razão - a sobriedade informativa (não confundir com omissão) dedicada ao clube da minha afeição, do que a notícia terceiro mundista e pirosa que a capital dedica aos seus símbolos desportivos. Primeiro, porque os nortenhos não são pirosos e depois porque factualmente nessa matéria, os bons, somos mesmo nós. O que é pena, é que confundamos muitas vezes as coisas e insistemos a invertê-las em causas dos nossos problemas. Tanto a montante como a jusante.
mas agora só se fala de futebol, por aqui. Pensei que era o "norteamos", mas afinal é o "norte desportivo"...
ResponderEliminarÉ o mercado a funcionar, já ouviu falar disso!!!
ResponderEliminarDescanse que não se fala só de futebol não, mas saiba que as vigarices para mim não têm sectores de actividade. Incomodam-me todas, venham elas "equipadas" de futebol ou de outro "prato" qualquer.
ResponderEliminarQuanto aos 3 grandes, pode ser o mercado a funcionar, mas é um mercado viciado por parâmetros viciados. Como na política, em DEMOCRACIA governa e tem os holofotes quem ganha eleições. No futebol rejeita-se este princípio e mandam as simpatias dos orgãos de comunicação lisboetas. No caso do FCP,não se pedem favores especiais, pede-se apenas respeito a quem o merece porque vence campeonatos. Apenas isso.
Pois é, josé manuel faria. Mas como o mercado funciona, não me espanta a correlação que aqui se verifica no "norteamos": o número de posts futebolísticos aumentou, o número de leitores reduziu. Discursos para dentro só atraem os do costume, e não dão frutos.
ResponderEliminarNão vejo em que é que falar da transferência do simão (até no norteamos lhe dão publicidade...) ajuda ao norte. Se acham que é a puxar pela clubite que se vai lá...a mim não me parece. Mais vale puxar pela racionalidade, e trazer outros temas, ou pelo menos outros exemplos. Porque se os unicos exemplos que se arranjam são do futebol, então a região nem está tão mal quanto isso e o centralismo é só centralismo futebolístico. E com esse eu posso bem: não me afecta o bolso.
E se acha que são os holofotes que ganham campeonatos, não vejo porque ganha tantos o Porto. Na verdade os holofotes só lixam o benfica, pois estão sempre a desestabilizar a equipa e a minar a sua força psicológica, ora sobrevalorizando os jogadores, ora desprezando-os. Mas se isso o chateia, é bem mais eficaz mudar de canal e enviar umas cartas à SIC (que é uma televisão privada), do que protestar num blogue. Ao menos apele ao protesto.
não demorou muito a perceber as dores dos libórios que por aqui esfregam a frustração. É o espelho da região... Ressabiados a fazer a defesa dos colonizadores
ResponderEliminarEu não disse que são os holofotes que ganham campeonatos. Leia bem por favor. Já leu, outra vez?
ResponderEliminarO que quis dizer (e agora não tem como não o compreender)é que os holofotes num país democrata e sério apontam-se para os vencedores e não para os vencidos.
Quanto ao resto, vou continuar a escrever o que entender desde que o ache pertinente, mesmo que isso o incomode, como pelo visto parece incomodar.
"O que quis dizer (e agora não tem como não o compreender)é que os holofotes num país democrata e sério apontam-se para os vencedores e não para os vencidos."
ResponderEliminarPercebido.