20100316

É neste tipo de iniciativas que se verifica quem tem capacidade estratégica

No Porto e em Lisboa apenas se sabe gerir PPP, importações e não se antecipa nem o futuro nem o presente. Felizmente em Gaia não é assim.

Salvador Caetano lança primeiros autocarros eléctricos ainda este ano


O grupo Salvador Caetano, sexto a nível europeu na distribuição de automóveis, tem em curso um novo desafio, apostando no fabrico de autocarros eléctricos. Os dois protótipos estarão prontos ainda este ano e a circular, um em Portugal e o outro na Alemanha.



Jorge Pinto, presidente executivo da CaetanoBus, explicou ao GP que “as exigências de mudança de cultura da empresa são grandes e é um desafio que o grupo tem pela frente”. A Salvador Caetano passa assim a construtora dos veículos na sua totalidade, estando, actualmente, em fase de investigação em termos de comportamento electromagnético do veículo e impacto dos passageiros. “A construção total dos autocarros é um campo em que não temos completo know-how, pelo que temos em curso um plano de transferência de tecnologia para a empresa
e estamos a contratar conhecimento estrangeiro que transmitirá a informação necessária aos portugueses”, explicou Jorge Pinto. O investimento estimado é de três milhões de euros em desenvolvimento e prototipagem e de um milhão em estrutura e produção.


“O que temos em plano é 50 unidades até ao final de 2011”, revelou o CEO da CaetanoBus. Numa primeira fase, o mercado-alvo é o mercado europeu, no entanto, dentro de cinco anos, a aposta poderá alargar-se a EUA e Canadá.



O autocarro eléctrico servirá os circuitos urbanos, terá carroçaria de alumínio, com piso baixo, e as baterias serão montadas nas paredes laterais com fácil acesso pelo exterior, para que se proceda facilmente à sua substituição. A autonomia mínima prevista situa-se entre os 100 e os 150 quilómetros, ainda um problema do ponto de vista do investimento, como lembrou Jorge Pinto.



Os equipamentos terão ainda que ser diferentes e adaptados ao perfil das zonas, pelo que a Salvador Caetano irá desenvolver estudos sobre as necessidades específicas do meio urbano.



Convicto de que o perfil de utilização do transporte colectivo é muito diferente do individual, Jorge Pinto sublinhou que a solução puramente eléctrica para o veículo individual “não será muito atractiva, pois para viajar é necessária maior autonomia”. O carro puramente eléctrico, segundo o engenheiro da SC, levará as pessoas a terem duas viaturas, pelo que, como acrescentou, “acreditamos que a utilização do híbrido, eléctrico para percursos pequenos e
diesel para longos, será a melhor solução”.

In GrandePortoOnline.pt

20100310

Associação de Cidadãos do Porto – Posição sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento

Foi ontem anunciado pelo Governo, enquadrado no PEC, o adiamento de 2 anos das ligações ferroviárias de alta velocidade entre o Porto e Lisboa (de 2015 para 2017) e entre o Porto e Vigo (de 2013 para 2015).

A Associação de Cidadãos do Porto (ACdP) compreende, responsavelmente, as dificuldades orçamentais que o País atravessa e a necessidade de controlo dos gastos públicos nos próximos anos, contudo não concorda com nova penalização da Região Norte, que representa 45% da população e 60% das exportações portuguesas.

A ACdP exige que o PEC seja revisto, para que os cortes no investimento e seus benefícios sejam redistribuídos equitativamente, incluindo todo o projecto do TGV e não apenas as ligações que afectam Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Leiria, através do adiamento da ligação Lisboa-Madrid ou do reassumir dos compromissos anteriormente firmados com as populações do Norte.

O Governo, ao propôr este PEC, não repensa os grandes projectos de investimento de forma a torná-los adequados à actual conjuntura, optando por sacrificar exclusivamente a Região Norte, ao adiar ambas as ligações ao Porto, enquanto mantém intocados todos os grandes projectos de investimento na região de Lisboa, como o novo aeroporto e a ligação por TGV a Madrid, numa atitude de manifesta e assumida falta de solidariedade e de coesão nacional.

Recordamos que o Norte representa 45% da população e 60% das exportações portuguesas, e que não pode ser simultaneamente privado da ligação a Vigo, essencial para a competitividade das suas exportações, e forçado a contribuir através dos seus impostos para a construção da ligação de Lisboa a Madrid, um projecto do qual não beneficia e que todos os estudos indicam que é financeiramente deficitário. Notamos também, que está previsto no PEC a introdução de portagens nas SCUT, medida altamente penalizadora para a Região, deixando de fora, contudo, a algarvia Via do Infante, no que é mais uma discriminação injustificada.

Sugerimos em particular que o projecto da alta velocidade em Portugal seja adequado à realidade do País, reconvertendo as linhas previstas para velocidades entre os 200 e os 250 kms / hora, adoptando tráfego misto de mercadorias e passageiros em bitola europeia e prioritizando as ligações aos aeroportos e entre capitais de distrito.

A Associação de Cidadãos do Porto (ACdP – www.acdporto.org) é um movimento apartidário, que tem como único propósito a defesa dos interesses colectivos da Área Metropolitana do Porto e da Região Norte. A ACdP assume-se como uma plataforma de debate, de apresentação de propostas e de acção efectiva, onde através da congregação e mobilização de esforços e vontades, os cidadãos da AM Porto e Norte poderão voltar a ter uma palavra a dizer sobre o seu Futuro.


Nota: A FAN PAGE da ACdP está disponível no Facebook.

20100308

Oportunidade

O que pode parecer uma ameaça pode ser transformado numa oportunidade. Este abandonar definitivo dos projectos de linhas de “tgv” que têm o Porto como origem/destino deve ser transformado numa oportunidade para pôr em causa todo este processo e abandonar definitivamente o que foi projectado até aqui. Incluindo, obviamente, a Ligação Lisboa-Badajoz sob pena de a Norte se ter de enveredar pela desobediência civil para não termos de pagar uma ligação ferroviária absurda que não serve mais de metade de Portugal. Esta ameaça deve ser claramente feita pelas forças vivas desta Região. Não estamos em condições de pagar, com o nosso dinheiro, o nosso sacrifício, e a insustentabilidade do nível de vida das nossas gerações futuras, uma ligação ferroviária que nos exclui.
O processo deve retornar à estaca zero. Um verdadeiro Plano Estratégico Ferroviário deve ser pensado e formulado de acordo com os seguintes objectivos essenciais:
  • 1- Mudança de bitola das nossas vias férreas, da ibérica para a europeia, de modo a que no futuro (já não muito longínquo) não corramos o risco de ficar ferroviariamente isolados do mundo.
  • 2- Revitalizar a nossa rede clássica desenvolvendo principalmente as ligações inter-regionais com particular incidência nas regiões mais densamente povoadas, e.g., o Entre-Douro-e-Minho e Região Centro, para desincentivar o uso exagerado do automóvel em distâncias até 150 km.
  • 3- Reformular a rede, dando-lhe uma configuração em malha, para que todas as capitais de distrito se encontrem ligadas entre si, na menor distância temporal possível, principalmente as que se inserem na mesma região.
  • 4- Todas as actuais linhas e as novas a construir devem ser projectadas para tráfego misto de mercadorias e passageiros.
  • 5- Transformar a rede ferroviária numa importante alavanca para a competitividade da indústria turística. Quem chega ao aeroporto do Porto deve fácil e rapidamente poder chegar, usando o comboio, ao Douro, a Braga, a Guimarães, a Barcelos, a Viana do Castelo, e, inclusivamente, a Santiago de Compostela. Para isso o Aeroporto Francisco Sá Carneiro deve ser ligado à rede ferroviária clássica anulando o missing link de apenas 2,5 km que obsta a que isso seja já hoje uma realidade. A reformulação do traçado, e do sistema de exploração da linha litoral algarvia, para parâmetros modernos e eficientes, deve ser levado a cabo. A Linha do Douro e os seus ramais, até Salamanca, deve ser considerada como de fundamental importância estratégica para o desenvolvimento da emergente indústria turística desta região que tem crescido continua e sustentadamente nos últimos anos.
  • 6- As ligações internacionais, desde já em bitola europeia, devem ter como objectivo prioritário facilitar o tráfego de mercadorias e ligar as regiões portuguesas mais exportadoras ao nó logístico de Salamanca - Medina Del Campo - Valladolid.
  • 7- Estruturar ferroviariamente a mega região que vai da Corunha a Setúbal com uma linha de altas prestações, sendo a sua velocidade adequada aos objectivos e condicionalismos pontuais. Uma velocidade média de percurso na casa dos 200 km/h parece-nos ideal.
  • 8- Modernizar as outras ligações a Espanha actualmente existentes, elevando-as para patamares modernos e consentâneos com as exigências dos nossos dias.
Em resumo, deve-se projectar uma rede ferroviária moderna, de altas prestações, com velocidades adequadas caso a caso, que seja uma alavanca para a competitividade da economia nacional e para a coesão territorial. Deve-se deixar definitivamente de falar em “tgv’s” e ligações megalómanas e caríssimas, que servem apenas a vaidade insana duma capital que se julga ainda com um império mas não tem onde cair morta, e os interesses estratégicos do estado espanhol que, legitimamente, os promove, mas que não são definitivamente os nossos. Estas megalomanias, sem mercado que as sustentem, porão em causa o futuro daqueles portugueses que hoje ainda não têm capacidade de decisão e que serão onerados para toda a vida com uma dívida gigantesca que a estupidez dos seus pais e avós gerou.

Racionalidade ferroviária e aeroportuária

Caro António,

Você apesar de ser eficaz a antecipar problemas, incoerências e insustentabilidades estratégicas, no assunto de TGV e NAL acho que continua em estado de negação:

1. Havendo restrições financeiras e pretendendo ser estratégico, há prioridades prioritárias e não são TGV Lisboa-Madrid;
2. Não faz sentido alta velocidade para passageiros quando (ainda) há kerosene e as low-cost conseguem ser mais rápidas e competitivas que os comboios;
3. Faz sentido é ferrovia para passageiros em ambiente urbano e em Alfa-Pendular;
4. Faz sentido mudar toda a rede ferroviária para bitola europeia e para sistemas de sinalização/tracção uniformes com Espanha;
5. Faz sentido libertar a linha do Norte da saturação existente. Para tal basta fazer um upgrade à linha do Oeste que liga Sintra à Figueira da Foz e esta até à Pampilhosa. O primeiro troço permite velocidades entre 90 e 120 km/h. Este upgrade permitira sem grandes custos duplicar 2/3 do canal da linha Norte. Da Pampilhosa até ao Porto teria que ser construído novo canal, alargado o actual, ou construção de variantes nas zonas mais congestionadas.
6. As exportações em Portugal estão a norte do Tejo (muito a norte, mesmo). A ligação ferroviária de mercadorias com Espanha deveria ser Vilar Formoso. Pode-se no entanto fazer outras ligações, mas sempre aproveitando os canais existentes. Apenas mercadorias caras e leves precisam de rapidez. As restante podem ir de comboio de noite e lentas e sobretudo, partirem das regiões que as exportam, o que não são Setubal nem Sines.

Relativamente a NAL, há também N incoerências:
1. OTA ou Alcochete eram projectos imobiliários e não logísticos;
2. O principal «negócio» seria a libertação dos terrenos da Portela para os Jogos Olímpicos em Lisboa, tal como fizeram os idiotas gregos...
3. A alavancagem para projectos imobiliários acabou há 3 anos...
4. Você pode ambicionar aerorpotos intercontinentais para pessoas ou carga, mas não deixam de ser projectos que tem que ter procura. Na região de Lisboa só existirá procura se de uma forma egoista, totalitária, monopolista, colonialista o governo central fechar a torneira das estruturas do resto de Portugal, isto é obrigar irracionalmente todos os passageiros e mercadorias a passarem por Lisboa.
5. Portanto o melhor mesmo é criar aeroportos low-cost para passageiros em Bragança (emigrantes), Vila Real/Leiria (Fátima) e Alverca (ajudar a viabilizar a TAP) e eventualmente aeroportos com funções logísticos de preferência longe dos desertos económicos (como é o caso de Beja).

20100303

A verdadeira Ruptura Económica de Paulo Rangel

A verdadeira Ruptura Económica de Paulo Rangel seria Libertar o Futuro dos Monopólios (empresas e territórios), dando lugar à Concorrência entre actores.

Acabar com os monopólios no desenvolvimento do território, devolvendo poder, autonomia, protagonismo, responsabilidade, hipóteses de desenvolvimento às regiões fora de Lisboa:
  • Não é necessário avançar com a Regionalização, atendendo ao risco para as finanças públicas;
  • Fusão da Gestão das Autarquias, imitando a reforma Relvas do tempo de Durão Barroso e reforma semelhante efectuada na Dinamarca em 2007; contribui também para reduzir despesas na administração pública; Paulo Rangel defendeu esta tese em 2006;
  • Desconcentração da administração pública, sedeando fora de Lisboa organismos e institutos do Estado, onde o m2 e o salário médio é mais barato e dando mais qualidade de vida à população de Lisboa; Paulo Rangel defendeu esta tese em 2006;
  • Extinguir Governos Civis;
  • Criar Círculos Uninominais;
  • Extinguir as funções de políticas públicas dos ministérios ligados ao desenvolvimento (economia, cultura, segurnaça social, educação, ordenamento território, agricultura) e passa-las para as autarquias «fundidas»; O Estado Central ficaria apenas com funções de regulação, fiscalização, cadastro, auditoria, rankings, controlo dos actores regionais; Continuaria a ser responsável pelas funções de Estado, nomeadamente Finanças, Justiça, Segurança, Defesa, Negócios Estrangeiros, Saúde. Com menos competências, seria mais eficiente.


Acabar com os monopólios no desenvolvimento económico, nomeadamente o privilégio que os sectores de bens e serviços não transaccionáveis, claramente sobre-dimensionado face à conjuntura, tem tido ao longo dos últimos anos:
  • Estimular concorrência, privatizar ou extinguir «golden shares» nos fornecedoras de serviços de bens e serviços não transaccionáveis, (Edp, PT, CP, TAP, RTP, GALP), mas não as redes/infra-estruturas respectivas (REN, Refer, ANA, Rede de telecomunicações, Lusa, RTP Internacional, RTP África, terminais de refinarias e oleadutos);
  • Suspender e anular PPP/planos de iniciativa governamental previstas e em curso, que não são mais do que impostos dados a privados em troca de projectos de escassa utilidade. Concretamente, Plano Nacional de Barragens (que beneficia a EDP), E-escola (que beneficia a PT), TTT, TGV e Alcochete, (que beneficia Motas-Engis, BES e escritórios de advogados) SCUTS (que beneficia as Brisas);
  • Orientação das obras públicas para o aproveitamento do património/infra-estruturas existentes em vez de construir novo, acabando com o desperdício de impostos que apenas servem para alimentar o sector da Construção Civil e Obras Públicas que em Portugal tem um peso no PIB 50% superior à média da OCDE e que inevitavelmente tem que se reduzir. Exemplos:
  • Reabilitar linhas férreas para bitola europeia, sobretudo na área das mercadorias em vez de avançar com o TGV;
  • Descentralizar, modernizar e orientar para low-cost aeroportos existentes (Bragança, Vila-real/Leiria, Alverca) em vez de Alcochete;
  • Impedir situações como, por exemplo, a intenção de Rui Rio, no Porto construir um novo pavilhão de congressos com fundos públicos a escassos 300 metros de 2 já existentes; Ou então a intenção de em Matosinhos se construir um caríssimo edifício de autor no molhe do porto de Leixões, para lá instalar uma mera residência universitária; Apesar do clima, há mais pavilhões gimno-deportivos per capita em Portugal do que na Escandinávia.
Esta é que seria a verdadeira a Ruptura Económica de Paulo Rangel.
Leituras recomendadas